Estou agora no Reguengo Grande em visita à minha tia. Sempre gostei de cá vir — é um sítio sossegado e com poucos moradores. Provavelmente poucas dezenas.
Hoje, no entanto, é diferente. Sinto-me no vazio do inferno, numa terra amaldiçoada com a solidão do silêncio.
Estou agora deitado, num quarto quente e acolhedor, decorado à antiga, mobília provavelmente mais velha que eu, por sua vez decorada com várias fotografias de família. Ironicamente à minha frente estou eu, em infante. Digo ironicamente pois também à minha frente está um grande espelho. Sou eu a dobrar. Algures no trajecto que agora me trouxe aqui eu fui aquela criança, cujo momento de captura não faço ideia quando foi. Não consigo deixar de me sentir enjoado com tudo isto. Acho que já em criança previa o que me ia acontecer. Sempre disseram-me que era inteligente, só nunca pensei ser tão burro.
Também no espelho vejo o enorme crucifixo de madeira por cima da minha cabeça. A cruz deve ter cerca de 25 centímetros, e esticado deve chegar a 1 metro. Foi impossível não me aperceber dele quando entrei no quarto, mas só agora me recordei do meu achado ontem no carro, o misterioso crucifixo dentro da avelã em plástico.
Este momento, esta pausa, e o dia de amanhã, porém, acredito terem vindo em boa hora. Pensar e descansar acho que me fará bem. Foram dias muito intensos e difíceis de digerir. Foram também muito importantes, pois finalmente descobri algo sobre mim mesmo, algo que procurava há já demasiado tempo. Várias coisas até. Relembrei pessoas e sentimentos, e no final do dia não ter virado as costas acho que ajudará no futuro, apesar do peso do presente. Nota especial para a filha que eu nunca tive. Incrível como adoro aquela peste.
Agora, os segundos parecem passar mais lentamente que o tempo no seu estado normal. Juro. Ao meu lado está um relógio que até parece moderno, mas toca alto como aqueles velhinhos de corda.
O ridículo nisto? Está uma joaninha daquelas que por vezes acompanha os ramos de flores colada ao candeeiro de mesa ao meu lado. Precisamente igual ao que tenho ao lado da minha cama na estante. Isto não está a ajudar. Nada.
O que me esperarão os próximos dias? Se me lembrar amanhã tiro foto, porque começo a nem acreditar em mim próprio. Esta sucessão de eventos começa-me a assustar.
Hoje, no entanto, é diferente. Sinto-me no vazio do inferno, numa terra amaldiçoada com a solidão do silêncio.
Estou agora deitado, num quarto quente e acolhedor, decorado à antiga, mobília provavelmente mais velha que eu, por sua vez decorada com várias fotografias de família. Ironicamente à minha frente estou eu, em infante. Digo ironicamente pois também à minha frente está um grande espelho. Sou eu a dobrar. Algures no trajecto que agora me trouxe aqui eu fui aquela criança, cujo momento de captura não faço ideia quando foi. Não consigo deixar de me sentir enjoado com tudo isto. Acho que já em criança previa o que me ia acontecer. Sempre disseram-me que era inteligente, só nunca pensei ser tão burro.
Também no espelho vejo o enorme crucifixo de madeira por cima da minha cabeça. A cruz deve ter cerca de 25 centímetros, e esticado deve chegar a 1 metro. Foi impossível não me aperceber dele quando entrei no quarto, mas só agora me recordei do meu achado ontem no carro, o misterioso crucifixo dentro da avelã em plástico.
Este momento, esta pausa, e o dia de amanhã, porém, acredito terem vindo em boa hora. Pensar e descansar acho que me fará bem. Foram dias muito intensos e difíceis de digerir. Foram também muito importantes, pois finalmente descobri algo sobre mim mesmo, algo que procurava há já demasiado tempo. Várias coisas até. Relembrei pessoas e sentimentos, e no final do dia não ter virado as costas acho que ajudará no futuro, apesar do peso do presente. Nota especial para a filha que eu nunca tive. Incrível como adoro aquela peste.
Agora, os segundos parecem passar mais lentamente que o tempo no seu estado normal. Juro. Ao meu lado está um relógio que até parece moderno, mas toca alto como aqueles velhinhos de corda.
O ridículo nisto? Está uma joaninha daquelas que por vezes acompanha os ramos de flores colada ao candeeiro de mesa ao meu lado. Precisamente igual ao que tenho ao lado da minha cama na estante. Isto não está a ajudar. Nada.
O que me esperarão os próximos dias? Se me lembrar amanhã tiro foto, porque começo a nem acreditar em mim próprio. Esta sucessão de eventos começa-me a assustar.
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