Monday, July 27, 2009

Obidos, Parte 4

Nem sei porque estou a numerar isto, a parte 2 nem 2 era. Estúpido. Aqui vão as memórias do dia a seguir.



Se ontem estava no inferno, então hoje será o purgatório. Isto está tudo ao contrário. O dia passou com chuva, acompanhada por nortadas. Digo purgatório pois na rua não vi vivalma. Ninguém. Nada. Nem um da dezena de cães e gatos que por aqui vagueiam. Nem um ladrar. Todas as demais pessoas desta terra desapareceram.

Já regressado a casa, deparo-me com a luz a ameaçar faltar, constantemente a desligar-se e a voltar imediatamente. E tocam à campainha.

Era um gajo dos telefones, a perguntar se ainda pagava o aluguer de telefone à PT, e se não queria mudar. Da Optimus acho. Foda-se. Só podem estar a gozar. Odeio isto em casa, e sai-me isto na rifa no primeiro dia que aqui passei? Mas a Optimus tem telefones fixos sequer?

Eventualmente, após o jantar e quando a noite já estava quase em pleno, começo a tirar um café. Falta a luz, mas não regressa logo. Foda-se. E… regressa. Siga tirar o café! E falta outra vez. FODA-SE. E volta. Aí cabrão se te apanho, só podes estar a gozar. Lá sai o café e a luz vai-se de vez.

Fui ao carro buscar a minha espectacular lanterna de mola para emergências e fui-me entreter a ver o mapa de Portugal, em particular o percurso pelo qual tenciono acampar daqui a umas semanas, tentando recordar os locais onde já estive. Em termos de imagens, recordo-me bem de muita coisa, mas já os nomes… enfim, vocês sabem. Sentia-me um bocado como num filme antigo. Frio, chuva, lanterna, mapa antigo meio enrolado e café. Só faltava estar no meio da neve ou dentro de uma tenda e era um anúncio de televisão.

Acabei de acordar do que foi para aí a minha terceira sesta. Dormi 11 horas a noite passada e, tirando respirar, as refeições e andar um pouco, pouco mais fiz. Pior, com as sestas a coisa deve ter passado as 15 horas.

A minha tia diz que as nortadas são um vento suicida, coisa que encarei na brincadeira, mas a verdade é que o tempo cheira a morte. Uma podridão de vazio que impede o pensamento. Nem o cérebro nem o corpo cooperam, excepto na vontade de fechar os olhos. Talvez seja isso que estou a precisar. Aliás, ainda nem meia-noite é e acordei há bocado desta minha última sesta. Estou deitado, cansado e com sono. Custa-me escrever, mas receio acordar daqui a poucas horas, acabando por trocar os meus horários todos. Amanhã abandono este retiro, mas suspeito que o tempo não irá melhorar. Talvez para o fim-de-semana, mas mesmo aí duvido.

Esqueci-me de algo ali atrás: a custo, lavei o carro. Ainda não tinha guardado a mangueira e já tinha começado a chover.

Nada de jeito digo. Esperemos por amanhã.

No comments:

Post a Comment