E assim foi.
Desde o passado dia 8 de Julho até hoje, dia 21, que me pude dar ao luxo de estar acampado com a Companhia Livre no Acampamento Medieval Internacional em Óbidos, durante o seu respectivo Mercado Medieval.
Francamente nem sei como começar, excepto que foi incrível.
Parece ontem que lá chegamos e agora... acabou.
Recordo todos os instantes, ou quase, a começar pela algazarra que foi empacotar TUDO na camioneta (sensação infelizmente relembrada hoje), por lentamente irmos montando tenda após tenda até termos o espaço que todos vimos.
A aventura que foi meter tudo o que tínhamos num pequeno (grande) baú emprestado pelo Nuno Serra, e como soube bem ver finalmente arrumada e apresentada a nossa casa (tenda), local onde dormimos todos os dias até hoje. Foi um dia longo, e ainda éramos poucos presentes: Eu, Joana, Nuno, Paulo, Inês e Xana, em que entretanto lá se juntaram alguns Belgas (perdoem-me, mas quem me conhece sabe que eu e nomes não nos damos bem).
Foi uma noite passada à volta da fogueira, em bancos de madeira e com muita Jeropiga e Vinho do Porto a acompanhar. Foi uma longa noite de conversa e histórias, das quais muitos sonham a vida toda.
No dia seguinte o acampamento continuou a compor-se: Fernando, Vera, Sara, Quim, Maurício e o Vasco juntam-se à festa (ou será que o Vasco só veio no dia seguinte? E a pipas?! Perdoem-me novamente, foram dias atarefados) Nesse dia juntam-se também os Belgas quase na totalidade, as duas LOUCAS Francesas e os Polacos, não fosse a Joana desaparecer a meio da noite, apenas para eu descobrir que afinal estava no aeroporto de Lisboa à espera deles. No vem-não-vem fomos avançando com a fogueira, com a carne grelhada e com a cervejola, jeropiga, medronho e ginjinha, claro. E lá chegaram os Polacos, mais mortos que vivos, sem sitio para ficar, sem agasalhos, sem comida no estômago e sem duas espadas perdidas no aeroporto (palavras para quê). A comida enche e o álcool aquece, fora a ajuda dos bombeiros, e os tipos lá se safaram.
Até aqui, tirando entre a sua própria nacionalidade, ninguém se conhecia. Não éramos mais do que um conjunto de sujeitos com uma maluqueira em comum e com um trabalho para fazer.
O dia seguinte ia ser o primeiro do Mercado Medieval, quinta-feira, e era preciso ter tudo em ordem. Essa noite foi a primeira vez que pude realmente olhar à minha volta enquanto deitado na minha tenda e realmente apreciar o que se estava a passar ali (adoro acampar): todos os participantes no acampamento estavam ali também a dormir - foi realmente um acampamento medieval onde tentamos ao máximo cumprir com os nossos objectivos de recriação. Bem, estávamos lá todos menos os Polacos que, como disse, nada trouxeram tirando roupa e equipamento para combater, esses dormiram noutro lado.
Começou o Mercado e os dias estavam fracos para nós, não em termos de companheirismo, o qual foi aumentado de dia para dia, conforme nos ia-mos conhecendo, mas no que toca a público. Viemos depois a descobrir que algum iluminado tomou a liberdade de colocar um aviso de passagem proibida no portão onde "acabava" o Mercado, visto que o nosso acampamento era nas traseiras do castelo, fora da zona mercantil. Os poucos visitantes eram os que acompanhavam o desfile indicativo do inicio dos teatros da Vivarte na liça, mesmo ao lado do nosso acampamento, e os conhecedores da zona.
Detectada a falha nos portões gradualmente foi melhorando, deixando a memória que a falta de informação da nossa localização também não deve ter ajudado.
Eventualmente chegou o fim-de-semana, os dias Grandes da feira, e apesar de agendado preferi não combater nesses dias, devido a um certo nervosismo - admito - associado a falhas de equipamento e a termos combatentes com mais experiência. Resolvi comentar isto por dois motivos, primeiro porque a experiência (e o equipamento) são realmente importantes: quem nos conhece sabe que não fazemos teatro. Todos os combatentes da Companhia Livre treinam na Sala de Armas Fiori Dei Liberi e, como tal, procuramos replicar o estilo de combate medieval sem teatragem. No entanto, quando os combates não são encenados as probabilidade de lesões com todo o tipo de risco são bem reais, e tirando a Xana, parece-me, todos nós levámos uma fatia de aço a mais na pele.
É isto que nos faz andar para a frente em termos de Esgrima Medieval - a adrenalina - o querer dar um bom espectáculo, emocionante e no entanto sem teatrices. Tivemos bastantes momentos assim e sinto-me orgulhoso do que fizemos, pois sei agora que podemos fazer muito mais. Para mim foi uma estreia combater com arnês e com alguns elementos do modo que foi, e sem nos conhecermos a coisa saiu bem. Quando todos na equipa nos conhecermos bem eu sei que iremos dar espectáculos memoráveis e até lá vamos todos lutar para isso. As coisas levam o seu tempo, como a preparação e arranjar todo o equipamento necessário ($$) e ao nosso gosto.
Aproveito o momento para agradecer a todos os que viram os nosso combates, que aplaudiram, que se emocionaram e gostaram, pois são esses que nos deram força. Aos restantes fica o desejo de talvez no futuro agradar - vamos certamente lutar por isso.
Fico-me agora por aqui pois foi um longo dia... desmontar o acampamento, carregar carrinhas, descarregar carrinhas, etc! E desde que cheguei ainda nem comi nem tomei banho para poder estar aqui a desanuviar! :P
Combat from MKM on Vimeo
Desde o passado dia 8 de Julho até hoje, dia 21, que me pude dar ao luxo de estar acampado com a Companhia Livre no Acampamento Medieval Internacional em Óbidos, durante o seu respectivo Mercado Medieval.
Francamente nem sei como começar, excepto que foi incrível.
Parece ontem que lá chegamos e agora... acabou.
Recordo todos os instantes, ou quase, a começar pela algazarra que foi empacotar TUDO na camioneta (sensação infelizmente relembrada hoje), por lentamente irmos montando tenda após tenda até termos o espaço que todos vimos.
A aventura que foi meter tudo o que tínhamos num pequeno (grande) baú emprestado pelo Nuno Serra, e como soube bem ver finalmente arrumada e apresentada a nossa casa (tenda), local onde dormimos todos os dias até hoje. Foi um dia longo, e ainda éramos poucos presentes: Eu, Joana, Nuno, Paulo, Inês e Xana, em que entretanto lá se juntaram alguns Belgas (perdoem-me, mas quem me conhece sabe que eu e nomes não nos damos bem).
Foi uma noite passada à volta da fogueira, em bancos de madeira e com muita Jeropiga e Vinho do Porto a acompanhar. Foi uma longa noite de conversa e histórias, das quais muitos sonham a vida toda.
No dia seguinte o acampamento continuou a compor-se: Fernando, Vera, Sara, Quim, Maurício e o Vasco juntam-se à festa (ou será que o Vasco só veio no dia seguinte? E a pipas?! Perdoem-me novamente, foram dias atarefados) Nesse dia juntam-se também os Belgas quase na totalidade, as duas LOUCAS Francesas e os Polacos, não fosse a Joana desaparecer a meio da noite, apenas para eu descobrir que afinal estava no aeroporto de Lisboa à espera deles. No vem-não-vem fomos avançando com a fogueira, com a carne grelhada e com a cervejola, jeropiga, medronho e ginjinha, claro. E lá chegaram os Polacos, mais mortos que vivos, sem sitio para ficar, sem agasalhos, sem comida no estômago e sem duas espadas perdidas no aeroporto (palavras para quê). A comida enche e o álcool aquece, fora a ajuda dos bombeiros, e os tipos lá se safaram.
Até aqui, tirando entre a sua própria nacionalidade, ninguém se conhecia. Não éramos mais do que um conjunto de sujeitos com uma maluqueira em comum e com um trabalho para fazer.
O dia seguinte ia ser o primeiro do Mercado Medieval, quinta-feira, e era preciso ter tudo em ordem. Essa noite foi a primeira vez que pude realmente olhar à minha volta enquanto deitado na minha tenda e realmente apreciar o que se estava a passar ali (adoro acampar): todos os participantes no acampamento estavam ali também a dormir - foi realmente um acampamento medieval onde tentamos ao máximo cumprir com os nossos objectivos de recriação. Bem, estávamos lá todos menos os Polacos que, como disse, nada trouxeram tirando roupa e equipamento para combater, esses dormiram noutro lado.
Começou o Mercado e os dias estavam fracos para nós, não em termos de companheirismo, o qual foi aumentado de dia para dia, conforme nos ia-mos conhecendo, mas no que toca a público. Viemos depois a descobrir que algum iluminado tomou a liberdade de colocar um aviso de passagem proibida no portão onde "acabava" o Mercado, visto que o nosso acampamento era nas traseiras do castelo, fora da zona mercantil. Os poucos visitantes eram os que acompanhavam o desfile indicativo do inicio dos teatros da Vivarte na liça, mesmo ao lado do nosso acampamento, e os conhecedores da zona.
Detectada a falha nos portões gradualmente foi melhorando, deixando a memória que a falta de informação da nossa localização também não deve ter ajudado.
Eventualmente chegou o fim-de-semana, os dias Grandes da feira, e apesar de agendado preferi não combater nesses dias, devido a um certo nervosismo - admito - associado a falhas de equipamento e a termos combatentes com mais experiência. Resolvi comentar isto por dois motivos, primeiro porque a experiência (e o equipamento) são realmente importantes: quem nos conhece sabe que não fazemos teatro. Todos os combatentes da Companhia Livre treinam na Sala de Armas Fiori Dei Liberi e, como tal, procuramos replicar o estilo de combate medieval sem teatragem. No entanto, quando os combates não são encenados as probabilidade de lesões com todo o tipo de risco são bem reais, e tirando a Xana, parece-me, todos nós levámos uma fatia de aço a mais na pele.
É isto que nos faz andar para a frente em termos de Esgrima Medieval - a adrenalina - o querer dar um bom espectáculo, emocionante e no entanto sem teatrices. Tivemos bastantes momentos assim e sinto-me orgulhoso do que fizemos, pois sei agora que podemos fazer muito mais. Para mim foi uma estreia combater com arnês e com alguns elementos do modo que foi, e sem nos conhecermos a coisa saiu bem. Quando todos na equipa nos conhecermos bem eu sei que iremos dar espectáculos memoráveis e até lá vamos todos lutar para isso. As coisas levam o seu tempo, como a preparação e arranjar todo o equipamento necessário ($$) e ao nosso gosto.
Aproveito o momento para agradecer a todos os que viram os nosso combates, que aplaudiram, que se emocionaram e gostaram, pois são esses que nos deram força. Aos restantes fica o desejo de talvez no futuro agradar - vamos certamente lutar por isso.
Fico-me agora por aqui pois foi um longo dia... desmontar o acampamento, carregar carrinhas, descarregar carrinhas, etc! E desde que cheguei ainda nem comi nem tomei banho para poder estar aqui a desanuviar! :P
Combat from MKM on Vimeo
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